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Meu pequeno grande homem – sobre elefantes e o amor

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Não posso dizer que meu filho é um ‘pequeno búlgaro’, como Diogo Mainardi – por quem, somente para esclarecer, nutro um profundo e admirável respeito. Mas posso dizer que meu filho, na sabedoria de seus 13 adolescentes anos, é um pequeno grande homem.

No universo materno, porque quem tem filhos sabe que este é o nosso universo, estou sempre às voltas com buracos negros, estrelas – cadentes ou não -, vias não tão lácteas. Enfim, luas em volta de um único planeta  ou sol chamado filho.

Pois bem, queria dividir um pouco da minha breve experiência materna. Meu filho quer ser político. Sim, político. Poderia ser médico, artista plástico, advogado, contador, …. mas quer ser político. Estuda em um escola de primeira linha – a despeito da dificuldade financeira, tento mantê-lo em uma escola de primeira linha – muito mais pelo ‘entorno’ da convivência do que pelo conteúdo pedagógico. Estuda lá desde sempre. Mais uns anos e, certamente, seria considerado ativo fixo. Com direito a plaquinha com número. Mas, neste ano, tenho tido dúvidas sobre a escola.

Pedimos bolsa de estudo – não integral – somente dentro de um valor que não precise vender a alma para pagar. Mas a escola não concedeu. Direito da escola. A escola quer fazer ídolos, heróis do vestibular. Meu filho quer fazer casas de graça para quem não tem onde morar.

Tenho que comprar novos uniformes, porque aos 13 anos, eles não crescem – esticam como elásticos. Homens elásticos. Sou obrigada a comprar na loja da escola. Uma camiseta e uma calça equivalem a 1/3 do salário mínimo. A escola alega que é por segurança. Meu filho quer que segurança independa de uniformes. Segurança deve ser um estado de espírito e de direito. Segurança deve ser sentimento. Não um uniforme.

A escola tem livros exclusivos, que só podem ser usados por ela e, claro, comprados na livraria da escola exclusivamente. Meu filho quer internet grátis para toda população.  Quer que o mundo seja conectado ao Brasil e vice-versa. Porque ele diz que não há fronteiras para o conhecimento. Sem páginas ou livros.

A escola quer pais abonados, que possam contribuir com a manutenção da escola. Meu filho quer que todos tenham direito a escola boa, gratuita. Meu filho não quer ter filhos. Quer adotar. Porque acredita que pais abonados são os que tem amor de sobra e não dinheiro de sobra.

Meu filho quer construir pontes. A escola quer manter os abismos. Meu filho quer ser feliz, a escola quer mensalidades. Meu filho junta moedas. Aos 13 anos quer ser ‘menor aprendiz’ de uma empresa ‘pública’. Para poder aprender  o que não se ensina nos livros. A escola quer manter-se privada e dentro de capas e páginas.

Se meu filho será um político não sei. Mas se for, será um dos que fazem a diferença. Que provocam mudanças. Que não fogem à luta e se posicionam sobre seus direitos. E não se furtam de seus deveres. Porque eu sou a mãe deste futuro político e não me escondo, não aceito condições não negociadas. Porque vou à frente, buscando o direito que meu filho quer para todos os filhos.

A escola, bem, a escola é como quase todas ou muitas. Não será nunca uma provocadora de quebras de paradigma. E por isso, só por isso, eu já me levantaria e pediria mudanças. Mas, confesso que estou cansando de tantas discussões inócuas e vales sem eco. Talvez mais este ano e a escola seja passado. Estou cansada.

Meu pai, o avô do meu pequeno grande homem, me aconselhou: Filha, nunca é bom brigar com elefantes!! Eu retrucaria, dizendo que não tenho medo. Que não sou covarde. Mas preferi calar porque não sabia e não estava claro quem era o elefante: eu ou a escola. Na dúvida, fico com Diogo Mainardi – eu acredito na força transformadora do amor. Minha manada é muito mais poderosa.

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crédito: whynotsee.com